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A história do Pará começa antes da chegada dos portugueses ao Brasil em 1500 e chega até os dias atuais.
Os arqueólogos dividem os antigos habitantes da pré-história brasileira em três grupos, de acordo com o modo de vida e ferramentas. Assim, temos os povos: caçadores-coletores, do litoral e os agricultores. Estes grupos foram, posteriormente, denominados pelos colonizadores europeus como “índios“.
Existem registros arqueológicos comprovando a presença humana no arquipélago do Marajó e na região de Santarém desde 3000 a.C.[1] No Marajó, os povos agricultores habitavam em cabanas ou casas subterrâneas, deste 3 500 anos atrás.[2] Estes povos conheciam a cerâmica, os corantes, compostos medicinais naturais, praticavam a coivara (queimadas para limpar a terra) e plantavam mandioca.[3][2] A mais conhecida cultura deste grupo é a cerâmica marajoara, que possui decoração e tamanho peculiares. O período de 500 a 1300 foi o auge da cultura marajoara.[4][1]
Em 1500, o navegador espanhol Vicente Yañez Pinzón foi o primeiro europeu a navegar pela foz do Rio Amazonas.[5] Em 26 de agosto de 1542, o espanhol Francisco de Orellana chegou também à foz do rio Amazonas, por via fluvial partindo de Quito, no Equador.[6] Em 28 de outubro de 1637, o português Pedro Teixeira partiu de Belém, foi até Quito e voltou: durante a expedição, ele fincou um marco de pedra na confluência dos rios Aguarico e Napo, na atual fronteira entre Equador e Peru, assegurando, para Portugal e, posteriormente, para o Brasil, a posse da maior parte da Amazônia, incluindo a totalidade do atual território paraense.[7]
A Capitania do Grão-Pará, ou apenas Pará, tem sua origem no contexto da conquista do rio das Amazonas e da Amazônia Oriental em 1580, período de conflito com forças estrangeiras que disputavam as drogas do sertão.[8] Primeiramente a região foi denominada com a terminologia “Conquista do Pará”, também conhecida como “Império das Amazonas”. contendo como “capital” o povoado colonial Feliz Lusitânia (em homenagem à Portugal).[9] O documento mais antigo que faz menção ao termo capitania, para denominar a região da conquista, é posterior ao ano de 1620. Por seguinte a legitimação do território como Capitania só ocorre em paralelo a criação do Estado do Maranhão, no ano de 1621.[10] Em 1639 o povoado Feliz Lusitânia foi elevado à categoria de município com denominação de “Santa Maria de Belém do Pará” ou “Nossa Senhora de Belém do Grão Pará”. Posteriormente, em 1751, a cidade de Belém se torna a capital do Estado do Grão Pará e Maranhão.[8] Em 1774, com o fim do Estado do Grão Pará e Maranhão, a Capitania do Grão-Pará passa a integrar o Estado do Brasil, subordinada ao vice-rei do Brasil, com sede no Rio de Janeiro.
Na década de 1780 ocorre a criação de pequenas indústrias: tecidos de algodão, cerâmicas e velas, manufatura de cordoalhas, manteiga de tartaruga e outras agriculturas como: tabaco, milho, mandioca, cacau, arroz, algodão, cana-de-açúcar e a pecuária no vale do rio Branco.[11] Em 1821 as Capitanias passam a ser denominadas de Províncias. No ano seguinte, 1822, é proclamada a independência do Reino do Brasil. O Grão-Pará vive um período de incerteza sobre se a Capitania permaneceria unida à Portugal, uniria-se ao Brasil ou se tornaria um país independente. Os paraenses criam, então, a 1ª Junta de Governo Independente. Eclodiram levantes das tropas fiéis a Portugal, conhecidos como “Guerras da Independência“, envolveram as Províncias: Pará, Maranhão e Bahia. Em agosto de 1823 o Pará é finalmente integrado ao Brasil Independente.[12]
Através do Diretório de 1757 e do Alvará de 1758, o Marquês de Pombal proibiu o ensino da língua geral setentrional (na época, a língua mais falada no Pará) nas escolas das ordens religiosas. Essa proibição do ensino formal da língua acelerou a transformação da língua geral setentrional no nheengatu. O nheengatu permaneceu como a língua mais falada no Pará até a seca de 1877, que levou, para a Amazônia, milhares de retirantes nordestinos falantes da língua portuguesa.[13]
De 1835 a 1840, ocorreu a revolta da Cabanagem.
O Pará apresenta uma economia sem relevância até cerca de 1880, quando começa o ciclo da borracha: muitos imigrantes são recebidos, principalmente da Região Nordeste do Brasil, para realizarem a extração do látex em latifúndios pertencentes à elite da capital, Belém. Durante quase quarenta anos, Belém do Pará foi a residência de “barões da borracha”, sendo construída, na cidade, uma réplica de Paris pelo então prefeito Antônio Lemos: uma reforma urbana invejável até por Rio de Janeiro e São Paulo. A província tornou-se estado com a proclamação da República do Brasil, em 15 de novembro de 1889. Na década de 1910, termina o ciclo da borracha, voltando o Pará à pobreza e passando a ser apenas um mero fornecedor de matérias-primas para o sudeste brasileiro.
Na Segunda Guerra Mundial, pelas mãos de Getúlio Vargas, foi criado o Banco de Crédito da Borracha para incentivar a retomada da extração de látex para a exportação, com a demanda dos Estados Unidos, o que ficou conhecido como o Segundo Ciclo da Borracha. Na mesma época, o governo estadunidense, interessado na localização estratégica de Belém, implanta importantes obras na capital, como o aeroporto, a vila militar e o Grande Hotel. Porém o segundo ciclo não tarda a findar: com a rendição do Japão, cessam os interesses militares dos Estados Unidos, são liberadas as colónias produtoras de borracha na Ásia, perdendo novamente a preferência pela borracha amazônica, sendo o Pará renegado outra vez à pobreza: intensifica-se o papel de fornecedor de matérias-primas para a crescente indústria da Região Sudeste do Brasil.
Por volta de 1960, o Pará foi “redescoberto”: o presidente Juscelino Kubitschek construiu Brasília e, paralelamente, construiu rodovias radiais ligando diversas regiões do país à nova capital, sendo a rodovia Belém-Brasília uma delas. Mudou a temática de transportes no Pará e na Amazônia, que era quase completamente fluvial, passando a ser rodoviarista. Essa estrada facilitou o escoamento de produtos e pessoas em direção ao Distrito Federal e ao resto da nação.
Já nos governos militares, criou-se uma concepção de que a Amazônia possuía um solo extremamente fértil (tese rechaçada recentemente), sendo um “vazio demográfico” que deveria ser devastado e ocupado para ser o “celeiro agrícola da nação”, para garantir a posse das terras ao Brasil e para amenizar conflitos por terras em outras regiões, com o lema “terras sem homens para homens sem terra”.
Paralelamente, foram realizadas prospecções minerais no Sudeste do Pará (região que tem Marabá como cidade-polo), responsáveis por descobrirem as Reservas de Carajás: gigantescas reservas mineralógicas que deveriam ser exploradas.
Foi realizado um grande plano de colonização das terras que margeavam as estradas, na linha entre Belém e Brasília (Sudeste do Pará), onde foram implantadas agrovilas e rurópoles. Muitos migrantes foram atraídos, principalmente do Nordeste e do Sul do Brasil, porém fracassaram os planos de assentamento: os colonos abandonaram seus lotes e mudaram-se para as maiores cidades do Sudeste Paraense, ocasionando inchaço populacional, grilagem de terras, constituição de latifúndios, devastação, desterritorialização de populações tradicionais e corrida pelo ouro em Serra Pelada. O que foi um clima extremamente propício para que o Sudeste Paraense se tornasse um local desflorestado, dominado por uma elite agrária, muito produtivo (de bens primários) e principalmente extremamente violento. Antes dos planos de colonização, o Pará tinha cerca de 80 municípios: agora são 143 municípios, quase todos criados no Sudeste do estado.
Nessa época (década de 1980), houve a construção da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, que é a maior hidrelétrica 100% brasileira e que faz parte do plano de crescimento econômico da região: ela foi inaugurada pelo presidente João Figueiredo, servindo principalmente como fornecedora de energia a baixo custo para os grandes projetos minerais e secundariamente para a população comum do estado.
Atualmente, com uma economia baseada na exploração mineral, o Pará é a maior reserva mineralógica do planeta: 75% de todas as exportações do Pará é minério, principalmente proveniente das Reservas de Carajás; 13% de madeira, também proveniente principalmente do Sudeste Paraense; 2% de pimenta e 10% de outros produtos (principalmente energia elétrica, da hidroelétrica de Tucuruí). Sua capital é uma metrópole comparável a Belo Horizonte, Porto Alegre ou a Brasília, com vôos para a Europa, Miami e Caribe sem necessidade de conexão em outras regiões brasileiras. Goza de uma infraestrutura urbana herdada do Ciclo da Borracha, onde ocorrem frequentes e seguidos booms imobiliários promovidos por grandes construtoras; a indústria estadual, ainda fraca, é baseada na siderurgia para exportação, seu setor primário (agropecuária e mineração) é concentrada no Sudeste do estado, sua rede de transportes valoriza o rodoviarismo e despreza o fluviarismo, maior potencial de transportes da Amazônia, por uma imposição dos brasileiros.
O Estado pode ser dividido basicamente em três grandes áreas:
1. Nordeste Paraense: menor região em território, cerca de 22% do estado, possui a capital, Belém do Pará, que também é sua cidade-pólo e a 10º maior cidade brasileira em número de habitantes [1 437 600, segundo dados do Censo 2009]. Sem dúvida essa é a região com a melhor qualidade de vida, possui uma grande malha viária, bom estado de conservação da floresta amazônica e maior presença do poder público. Especializada no setor terciário (comércio e serviços), há pouca concentração fundiária e melhor infraestrutura para o turismo e estabelecimento de escritórios: é a região mais populosa e povoada, onde a população é “tradicionalmente paraense” (origem basicamente luso-indígena). Aí estão os menores municípios do Pará em cobertura territorial. É dominada por uma elite ligada aos setores de comunicação, construção civil e supermercadista.
2. Sudeste Paraense: A região que mais gera riquezas do estado, cobrindo cerca de 25% do mesmo, tem Marabá como cidade-polo. Possui um grande parque agromineral voltado para a exportação, é onde estão situadas as Reservas de Carajás e o maior número de latifúndios. Apenas cerca de 20% da população é paraense. É a região do Bico do Papagaio, onde há a maior concentração de conflitos fundiários no Brasil. A violência atual na região já é mais amena, se comparada a décadas atrás. A região não para de receber migrantes, principalmente nordestinos empobrecidos, visando a empregos simples e subempregos, e fazendeiros sulistas emergentes visando à aquisição de terras para o empreendimento do agronegócio. Existe a previsão que serão mais um milhão nos próximos três anos, uma situação preocupante. Ainda com muitos conflitos no campo e dominada por uma elite aristocrática ligada a terra, essa região está quase toda devastada. Possui 1,3 milhões de habitantes e 14 milhões de cabeças de gado: mais de 10 cabeças de gado per capita.
3. Oeste do Pará: compreende mais da metade de todo o Estado, é a região menos povoada e menos populosa, que menos gera riqueza, onde a floresta amazônica está melhor preservada. Esta região compreende o centro, o sudoeste, o oeste e o noroeste do Pará, tem Santarém como cidade-polo. Tendo sua população tradicionalmente de paraenses, a região vem sofrendo recente crescimento econômico com o escoamento de soja produzida no Mato Grosso (maior produtor sojeiro do planeta) através da hidrovia Tapajós-Teles Pires e da rodovia Santarém-Cuiabá, o produto é transportado até o porto de Santarém, onde é embarcado diretamente para a exportação internacional. 5% de toda a soja exportada por Santarém já é de produção própria. A região é dominada por uma elite de comerciantes e de fazendeiros tradicionais e possui os maiores e menos habitados municípios do Pará, em extensão territorial, entre eles Altamira, que é o maior município do mundo.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
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