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Maranhão é uma das 27 unidades federativas do Brasil, localizada na Região Nordeste englobando a sub-região Meio-Norte do País. O estado faz divisa com três estados brasileiros: Piauí (leste), Tocantins (sul e sudoeste) e Pará (oeste), além do Oceano Atlântico (norte). Com área de 331 937,450 km² e com 217 municípios, é o segundo maior estado da região Nordeste e o oitavo maior estado do Brasil. Com uma população de 7 153 262 habitantes, é o 11º estado mais populoso do país.[2] A capital e cidade mais populosa é São Luís. Outros municípios com população superior a cem mil habitantes são Imperatriz, São José de Ribamar, Timon, Caxias, Codó, Paço do Lumiar, Açailândia e Bacabal. Em termos de produto interno bruto, é o quarto estado mais rico da Região Nordeste do Brasil e o 17º estado mais rico do Brasil. As principais atividades econômicas são a indústria (o trabalho de transformar alumínio e alumina, celulose, alimentícia, madeireira), os serviços, o extrativismo vegetal (babaçu), a agricultura (soja, mandioca, arroz, milho) e a pecuária. Possui um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do país, com 0,687 pontos.
Localizado entre as regiões Norte e Nordeste do Brasil, o Maranhão possui o segundo maior litoral do país, resultando em uma grande diversidade de ecossistemas. São 640 quilômetros de extensão de praias tropicais, floresta amazônica, diversas variedades de cerrados, mangues, delta em mar aberto e o único deserto do mundo com milhares de lagoas de águas cristalinas. Também é perceptível, na maior parte do ano(entre os meses de maio a novembro), a seca branda na Microrregião das Chapadas do Alto Itapecuru, acentuadamente em São João dos Patos e Barão de Grajaú. Essa diversidade está organizada em cinco polos turísticos, cada um com seus atrativos naturais, culturais e arquitetônicos. São eles: o polo turístico de São Luís, o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, o Parque Nacional da Chapada das Mesas, o Delta do Parnaíba e o polo da Floresta dos Guarás. Com redução de altitudes e regularidade da topografia, é apresentado um relevo modesto, superior a 90% da superfície inferior a 300 metros. Tocantins, Gurupi, Pindaré, Mearim, Parnaíba, Turiaçu e Itapecuru são os rios mais importantes e pertencem às bacias hidrográficas do Parnaíba, do Atlântico Nordeste Ocidental e do Tocantins-Araguaia.
O Rei de Portugal Dom João III dividiu a região do Maranhão em duas capitanias hereditárias, que o monarca entregou a Aires da Cunha e Fernando Álvares de Andrade, no ano de 1535[7] (região descrita como “grande baía com uma ilha”).[8] A partir de então, até os franceses se estabelecerem em 1612 (França Equinocial), o conhecimento da área não foi tomado por Portugal. Em 1615, no contexto da Conquista do Nordeste e Conquista da Amazônia (período de combate as forças estrangeiras que estabeleceram fortificações na região), uma expedição com portugueses e brasileiros partiu da Capitania de Pernambuco, sob ordem do Governador Geral da Armada e Conquista do Maranhão Alexandre de Moura e liderança de Jerônimo de Albuquerque, visando expulsar os franceses e consolidar o domínio português.[9] Como recompensa pelo êxito na empreitada, o General nomeou Jerônimo de Albuquerque Capitão-Mor da Conquista do Maranhão[10] e, em 1621, foi instituído o Estado do Maranhão, por Filipe II de Portugal (e Filipe III da Espanha) no Norte do América Portuguesa, porém instalado em 1626[11][12] devido aos conflitos com os holandeses.[8] Sendo o novo Estado uma colônia independente e autônoma do Estado do Brasil, a criação da Capitania do Maranhão ocorreu em paralelo à fundação do Estado do Maranhão, ficando a Capitania subordinação ao Estado.
Em 1641, os neerlandeses ocupam a ilha de São Luís, de onde foram expulsos pelos portugueses em 1644 consolidado o domínio português. Em 1654, foi criado o Estado do Maranhão e Grão-Pará,[13][14] devido ao progresso e ascensão da região de Belém, e a Coroa Portuguesa verificou que tal organização administrativa favorecia apenas aos interesses pessoais de donatários e sesmeiros.[15] Em 1774, o Estado foi dividido em duas unidades administrativas por Marquês de Pombal: o Estado do Maranhão e Piauí e Estado do Grão-Pará e Rio Negro.[16][17] O Maranhão apenas foi conquistado pelo Império do Brasil em 1823, porque Portugal o defendeu muito fortemente, e somente depois que o almirante Lord Cochrane interveio, a pedido de Dom Pedro I. Em 1831, foi irrompida a Setembrada, que pregou que fossem expulsos os portugueses e os frades franciscanos, e, em 1838, a Balaiada, um movimento popular que contrariava a aristocracia rural. A economia declinou devido ao fato de que Princesa Isabel aboliu a escravidão, só vindo à recuperação na época da 1ª Guerra Mundial.
Etimologia
Não há uma hipótese consensual para a origem do nome do estado do Maranhão. As teorias mais aceitas são: referência à expressão em língua tupi “Mar’Anhan”, que significa “O mar que corre”;[18] Maranhão era o nome dado ao Rio Amazonas pelos nativos da região antes da chegada dos navegantes europeus (nos países Andinos é chamado de rio Maranhão, ao entrar no Brasil muda para rio Solimões, na confluência com o rio Negro muda para rio Amazonas).[19]
Em 1720, o jesuíta Domingos de Araújo, publicou a obra “Crônica da Companhia de Jesus da Missão do Maranhão”, na qual sustentou que o nome foi dado por uma expedição enviada por Cristovão Jaques que ao ver o Rio Amazonas o descreveu como “Maranhão” (grande mar).[20]
No contexto da história do Brasil, a primeira referência à região como sendo o Maranhão ocorreu na época antes da criação das capitanias hereditárias, chamada de Conquista do Maranhão,[10] em seguida foram criadas as duas seções da Capitania do Maranhão, em 1534.[21][22]
História
Período pré-cabralino
Na época do Descobrimento do Brasil, o atual Estado do Maranhão era povoado por diferentes tribos indígenas. Os primeiros habitantes do Maranhão faziam parte de dois grupos indígenas: os tupis e os jês. Os tupis habitavam o litoral. Já os jês habitavam o interior. Os dois povos indígenas que pertencem ao grupo tupi são os guajajaras e os urubus. Os guajajaras e os urubus apenas foram pacificados em pleno século XX. Os dois povos indígenas do grupo jê são os timbiras e os sacamecras. Diversas tribos do Piauí entraram no Maranhão. Isso ocorreu no século XVIII. Naquela época, esses povos indígenas piauienses escaparam para evitar que os brancos os caçassem.[carece de fontes]
Colonização europeia
Não existem notícias feitas com exatidão a respeito das primeiras expedições que começaram a explorar a costa maranhense. Reza a crença que, em 1500, o espanhol Vicente Yáñez Pinzón já navegou por toda a costa norte do Brasil. A viagem feita por Pinzón na costa norte do Brasil tem origem em Pernambuco e destino na foz do rio Amazonas. Em 1531, Martim Afonso de Sousa chegou ao Brasil. Esse homem foi o comandante da primeira expedição que começou a colonizar a região. O militar e nobre português exigiu que Diogo Leite fosse responsável pela exploração do litoral norte. Diogo Leite aproximou-se da foz do rio Gurupi. Atualmente, o rio Gurupi serve de divisa entre os Estados do Maranhão e do Pará. A divisa entre os dois atuais estados brasileiros ficou por muito tempo conhecida como “abra de Diogo Leite”. Em 1534, quando Dom João III dividiu a Colônia Portuguesa no Brasil em Capitanias Hereditárias, os portugueses ainda não chegaram a colonizar o Maranhão. Um ano depois, o monarca português concedeu a terra a três fidalgos que eram homens de sua confiança. Foram eles: João de Barros, Fernando Álvares de Andrade e Aires da Cunha. Ambos os primeiros idealizaram seu plano para a tomada de posse da capitania. Os dois donatários encarregaram sua execução a Aires da Cunha. A Capitania do Maranhão foi uma das subdivisões do território brasileiro no período colonial. Seu primeiro donatário foi Fernando Álvares de Andrade, que recebeu a capitania em 11 de março de 1535. Aires da Cunha, que ficou encarregado de fazer a posse da capitania, veio ao Brasil no mesmo ano da doação. Durante a viagem, dez veleiros, 900 homens de armas e 130 a cavalo estavam a caminho. Mas a frota afundou nas costas maranhenses devido a violento temporal e o capitão faleceu, assim como a maior parte dos integrantes. Os sobreviventes fundaram um núcleo de povoamento denominado Nazaré e passaram a explorar o terreno através dos acidentes geográficos fluviais. Entretanto, os indígenas não lhes favoreceram essa ocupação. Do núcleo de povoamento, não restou nada. Quando essa povoação foi destruída, os portugueses abandonaram-na.[carece de fontes]
Em 1539, foi a vez de outro fidalgo lusitano denominado Luís de Melo da Silva. Esse homem também teve seu navio afundado no litoral maranhense. Entretanto, retornou para Portugal em 1554. João de Barros, em 1555, mandou seus descendentes João e Jerônimo para a donataria. Naquela época, os franceses já tinham entrado ali. De acordo com narrativa de Jerônimo dirigida ao monarca português, estiveram na capitania 17 naus de franceses. Os franceses edificaram, com materiais de construção da época, casas de pedra e faziam comércio com os indígenas.[carece de fontes]
Invasões estrangeiras
As naus vindas da França continuaram a navegar no século XVI. Da tripulação dos três navios que se direcionavam ao Maranhão a maioria das pessoas permaneceu no terreno, após o fracasso da expedição. O comandante dos três navios foi o capitão Jacques Riffault. Um dos tripulantes, Charles Des Vaux, estudou o idioma indígena e prometeu que trouxesse-lhes demais franceses para governá-los e defendê-los. De retorno à França, Des Vaux adquiriu do rei Henrique IV que Daniel de la Touche, senhor de La Ravardière, fosse junto com o tripulante ao Maranhão, para comprovar as maravilhas que lhe narrara. Foi prometida a conquista do novo território para a coroa francesa. Depois do falecimento de Henrique IV, La Ravardière retornou à França. Naquele país europeu lutou num período de 15 anos pelo projeto de fundação da denominada França Equinocial. François de Razilly, senhor de Aumelles e Razilly, e Nicolas de Harlay, senhor de Sancy, barão de Molle e de Grosbois, estiveram interessados pelo empreendimento. A rainha regente da França e Navarra, Maria de Médici, permitiu que participassem os religiosos da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos na expedição.[23]
A esquadra francesa era constituída de três navios. Os comandantes dessa esquadra foram La Ravardiére e Razilly. Ambos foram solidários com Nicolas de Harlay. A esquadra deixou o porto de Cancale, na atual região francesa da Bretanha e chegou em 26 de julho de 1612 numa enseada maranhense. Deram o nome de Sant’Ana à ilha de menor porte onde chegaram a encostar o navio. A pequena ilha recebeu esse nome em honra à santa do dia. Ali levantaram a primeira cruz latina feita de madeira em solo maranhense. Os tripulantes da embarcação ficaram nessa ilha. Enquanto isso, Charles Des Vaux começou a conversar com os indígenas na ilha de Upaon-Açu. O segundo nome da ilha foi ilha do Maranhão e posteriormente ilha de São Luís. Ali, em 12 de agosto, foi celebrada a primeira missa solene. Foi escolhido o lugar da primeira fortificação. Com a cooperação dos indígenas, edificaram a primeira capela. Em 8 de setembro foi levantada a cruz na ilha de Sant’Ana. Abençoou-se o terreno e a fortificação recebeu o nome de Forte de São Luís. A origem do nome da cidade é uma homenagem ao rei santo da França Luís IX. Esse foi o início da cidade de São Luís.[23]
Em julho de 1615, Francisco Caldeira de Castelo Branco, representando a Capitania de Pernambuco, exigiu que La Ravardière abandonasse a terra que conquistou. Jerônimo de Albuquerque mudou-se para a ilha, construiu o Forte de São José de Itapari e passou a lutar. Em 17 de outubro, uma frota pernambucana de nove navios e mais de 900 homens sob o comando de Alexandre de Moura se aproximou da baía de São Marcos. Os portugueses desafiavam assim a fortaleza dos franceses. Durante o confronto entre as tropas francesa e portuguesa, Jerônimo de Albuquerque atacou por terra. La Ravardière não resistiu: em 3 de novembro devolveu a colônia, o forte, os navios e as armas.[24] De Pernambuco, o francês foi para Lisboa, onde esteve aprisionado antes de voltar à França.[carece de fontes]
Em 13 de junho de 1621, foi instituído o Estado do Maranhão, por Filipe II de Portugal (e Filipe III da Espanha, devido União Ibérica) no Norte do América Portuguesa, porém sua instalação ocorreu em 1626,[11] junto com o primeiro Governador, o Capitão-General Francisco Coelho de Carvalho,[12] devido aos conflitos na tentativa de invasão holandesa na região.[8] A vila de São Luis, sede da Capitania do Maranhão, foi mantida como sede do novo Estado.[12] Sendo o novo Estado uma colônia independente do Estado do Brasil. Uma entidade autônoma política e economicamente, subordinado diretamente a Lisboa, separado do Estado do Brasil em 1618. A criação da Capitania do Maranhão ocorre em paralelo a fundação do Estado do Maranhão, ficando a Capitania subordinação ao Estado.
Na época da invasão holandesa no Maranhão esteve aprisionado o aventureiro Gedeon Morris. Depois esse homem estaria no comando da guarnição de Flandres na capitania brasileira do Ceará. As notícias transmitidas por Gedeon Morris a respeito das condições de vida em São Luís foram ouvidas interessadamente pelos invasores do Recife. Os portugueses defendiam com dificuldade seu entendimento. A paz entre Portugal e os Países Baixos estava firmada. Naquela época, em novembro de 1641 uma frota holandesa penetrou pela barra de São Luís e depois desceu pelo Desterro e destruiu a cidade. A frota holandesa foi encabeçada por Pieter Baas. O governador Bento Maciel Parente foi aprisionado irresistivelmente. Bento Maciel Parente era veterano do sertão e assassino de indígenas. Em Tapuitapera, atual município de Alcântara, no continente, Teixeira de Melo recebeu emissários do príncipe Maurício de Nassau. Maurício de Nassau lhe ofereceu o governo dos portugueses do Maranhão. Se a proposta fosse aprovada, o político teuto-neerlandês já teria se recolhido a São Luís. Mas como a proposta foi recusada, a luta continuou até fevereiro de 1644. Nessa data, os holandeses se retiraram depois de um período de 27 meses de ocupação intranquila. Desses 27, 17 meses foram um longo período de lutas. Sobrou dos holandeses a ruína do casarão onde residiu o governador Pieter Baas. Este casarão foi derrubado em 1939. A vista do porto e a planta da cidade foram registradas por Frans Post. Os originais desses desenhos hoje são parte integrante da exposição permanente no Museu Britânico. As gravuras foram reproduzidas no grande livro de Gaspar Barlaeus sobre o Brasil holandês. Depois a gravuras foram copiadas depois para a obra de santa Teresa sobre os conflitos militares entre Portugal e os Países Baixos.[carece de fontes]
Em 1654, foi criado o Estado do Maranhão e Grão-Pará,[13][14][14][25] devido ao progresso e ascensão da região de Belém, e a Coroa Portuguesa verificou que a organização administrativa anterior favorecia apenas aos interesses pessoais de donatários e sesmeiros.[15]
Revolta de Beckman
A Coroa Portuguesa decidiu criar a Companhia de Comércio do Maranhão em 1682. Essa era a fórmula daquela época para o desenvolvimento das regiões que os europeus colonizaram como os seguintes objetivos: o sistema de estanco a ser monopolizado, que teve o privilégio garantido para o comércio de produtos primeiramente necessários; a compra exclusiva e obrigatória de toda a produção do estado; e o fornecimento comprometido de escravos vindos da África, mais adequados para a dureza atarefada da agricultura em terras de clima equatorial, como forma de compensação proibitiva da caça ao indígena. Mas a estratégia não surtiu efeito, ou seja, houve a degeneração do sistema: para a compra, o pagamento do indivíduo que representava a companhia era muito barato. A transformação da indignação foi em revolta. O mais importante líder do movimento foi Manuel Beckman. Beckmann nasceu em Lisboa. Seu pai era alemão e sua mãe portuguesa. A profissão de Beckmann era a de senhor de engenho no Mearim. Consta que foi assinado pelos conspiradores um papel em círculo. O objetivo desse documento era para que ninguém tivesse o direito de acusação contra nenhum deles por liderar o motim. Foi confundido por Beckmann a liberdade instintiva do comércio com o preconceito feroz contra o escravo: a vulnerabilidade era do indígena vitimado. A prisão doméstica do capitão-mor Baltasar Fernandes estava perante a custódia da esposa. Em seu colégio, ficou a incomunicabilidade do jesuítas. O fechamento das entradas do estanco armazenado foi definitivo.[26]
Não era desejo da Junta dos Três Estados (clero, nobreza e povo) a independência. Naquela época esta junta já estava constituída. O governo colonial do Brasil enviou Tomás Beckman ao reino de Portugal. Tomás era irmão de Manuel. Foi explicado por ele ao monarca lusitano que não houve revolta contra Tomás. O desejo dos conspiradores foi ser livre para comerciar—o motivo era o fechamento do estanco armazenado—e para a caça ao indígena. Por essa razão, foram expulsos pelos conspiradores os religiosos da Companhia de Jesus, que embarcaram em dois navios. Decidiu-se criar uma guarda cívica e foram demitidos funcionários que não tiveram certeza se eram leais. Foi enviado por Beckmann um ministro plenipotenciário a Belém. Manuel Beckman dirigiu-se a Alcântara. Entretanto, não foi apoiado em ambos os lugares. Não foi aceito por Beckman uma proposta de corromper o governador Francisco de Sá de Meneses. Entretanto, foi iniciado o fracasso da chama do levante. São Luís recebeu o novo governador Gomes Freire de Andrade em 15 de maio de 1685. O militar português era comandante de uma tropa formada por 150 soldados, que confraternizaram com os soldados terrestres. Os mais importantes conjurados foram embora. O desembarque foi presenciado por Beckmann e apenas no dia posterior serviu como refúgio seu engenho. Em seu engenho ocorreu o aprisionamento do líder da revolta. A explicação para o motivo da prisão de Beckmann é essa: traiu seu afilhado Lázaro de Melo. Foi concluído pela abertura da devassa que a introdução e a manutenção do sistema de estanco era sinônimo de calote, engano e hostilidade. Mas Gomes Freire assinou sentença lavrada contra Jorge de Sampaio, Francisco Deiró e Manuel Beckman. Foi feita a declaração de culpa destes três homens por serem criminosos contra a autoridade real. Veio a fuga de Deiró e seu enforcamento em efígie. O padecimento de Sampaio e Beckman foi causada pela coragem da pena de morte. Foi declarada a extinção por Gomes Freire do contrato do estanco. Os jesuítas foram devolvidos pela mesma pessoa que extinguiu o estanco e acertado o governo.[26]
Estado do Maranhão
Em 1751 o Estado do Maranhão e Grão-Pará passou a se chamar Estado do Grão-Pará e Maranhão, com capital transferida de São Luís para Belém, devido ao crescimento econômico com a produção de açúcar, algodão, tabaco e das drogas do sertão (sobretudo na capitania do Pará).[27] Compreendia os atuais Estados do Amazonas, Roraima, Pará, Amapá, Maranhão e Piauí.[28][29] Em 1755, foi criada a a Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão, a qual deveria garantir a vinda de escravizados africanos para a colônia, com monopólio da navegação e comércio exterior, além de fornecer crédito para os produtores locais e a introdução de melhores técnicas agrícolas. O crescimento econômico intensificou as disputas pela exploração e comércio das drogas, que levaram em 1759 a expulsão dos jesuítas, que controlavam estas atividades.[27]
Em 1772, Marquês de Pombal dividiu o Estado em duas unidades administrativas: Estado do Maranhão e Piauí (com sede em São Luís);[27] e Estado do Grão-Pará e Rio Negro (com sede em Belém).[16][17][27] Em 1780, o algodão representava cerca de 24% das exportações brasileira, enquanto o açúcar respondia por cerca de 34%, diante da Guerra de Independência Americana e a crescente demanda por algodão na indústria têxtil inglesa.[30] Em 1818, a economia maranhense atingiu um milhão de libras e movimentou 155 navios, sendo a quarta maior economia brasileira. Nesse período, São Luís era a quarta cidade mais populosa no Brasil. O apogeu econômico deste período pode ser representado com a construção dos casarões do Centro Histórico de São Luís e de Alcântara. O algodão representava cerca entre 73% e 82% das exportações do Maranhão no final do século XVIII e início do século XIX. Com a retomada da produção americana ao mercado internacional, por volta de 1820 a economia da província entra em crise.[30]
Séculos XIX e XX
A Capitania do Maranhão teve como último governador o Marechal do Exército de Portugal Bernardo da Silveira Pinto da Fonseca, considerado um excelente administrador.[carece de fontes] O militar português imprimiu o jornal mais antigo já publicado no estado, O Conciliador do Maranhão, fato que marca a chegada da tipografia em território maranhense. Na altura, a independência já era prevista. Rebeliões locais contavam com o apoio dos cidadãos do Piauí e os sertanejos cearenses. Estavam presentes em águas maranhenses os navios de Lord Thomas Cochrane, nomeado em 1823 pelo imperador Pedro I do Brasil comandante da esquadra brasileira.
Desde a crise na economia algodoeira e com o movimento revolucionário da balaiada, a Província do Maranhão tornou-se política e socialmente estável. A atividade econômica da agricultura na época era o trabalho escravo e de uma vez ou outra a estabilidade política e social teve desafios excessivos. Mas havia a persistência do ideal republicano. Como foi visto antes, Lord Cochrane depôs e prendeu Bruce, primeiro presidente da Província do Maranhão que Pedro I do Brasil nomeou, devido à veiculação das ideias pró-república. Como Bruce foi acusado, o conselho de guerra ouviu a sua resposta e foi julgado inocente; mas o acontecimento, por sua vez, teve expressividade. Em 1824, pelos chefes da Confederação do Equador que nasceram no Ceará, foram enviados emissários ao povo maranhense, na certeza de que seu liberalismo permitiria a participação revolucionária. Os chefes cearenses da Confederação do Equador estiveram presentes no Maranhão com as forças expedicionárias. As forças expedicionárias tiveram decisão no processo da independência. Em 1829, os revolucionários leram proclamações republicanas em Pastos Bons.[carece de fontes]
Por quem a província teve como último presidente, o desembargador Tito Augusto Pereira de Matos, depois que foi abolido o regime monárquico, foi passado a administração ao tenente-coronel João Luís Tavares. Tavares integrava uma junta de sete cidadãos, dois quais cinco são militares e dois são civis. Foi entregado o poder pela junta ao primeiro governador que Manuel Deodoro da Fonseca nomeou em 17 de dezembro de 1889. A chegada ao Rio de Janeiro foi de Pedro Augusto Tavares Júnior. A Assembleia Legislativa promulgou a primeira constituição política estadual datada de 4 de julho de 1891. Em 1892, mais precisamente no dia 28 de julho, foi promulgada uma nova constituição, acrescida das emendas em 1898, 1904 e 1919.[carece de fontes]
O século XX teve como primeiro governador do Maranhão o senhor João Gualberto Torreão da Costa. Durante a administração de Benedito Pereira Leite, pelo presidente eleito do Brasil Afonso Pena, o Maranhão foi visitado em 1906. O movimento revolucionário que entrou no Brasil Meridional tornou-se mais extensa e os revolucionários depuseram o governador José Pires Sexto em 1930. A Assembleia Legislativa aprovou uma nova constituição do estado datada de 16 de outubro de 1934, durante administração de Antônio Martins de Almeida. A Assembleia Legislativa emendou a constituição estadual em 1936 e a administração de Paulo Martins de Sousa Ramos tomou posse. Durante o Estado Novo, Getúlio Vargas nomeou Sousa Ramos como interventor.[carece de fontes]
Com a Segunda República, foi aprovada pela Assembleia Constituinte estadual uma nova constituição datada de 28 de julho de 1947. José Sarney da Costa tomou posse do governo estadual em 1966. Por iniciativa de Sarney foi iniciado o período modernizador “Maranhão Novo”, dos quais se destacavam o porto de Itaqui a ser construído e a rodovia São Luís-Teresina a ser pavimentada. Apenas nas posteriores décadas, com os recursos da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), foi sobrevindo o que mudou na economia estadual, com a solidez das repercussões no Maranhão: foi entrada em operação a Usina Hidrelétrica de Boa Esperança em 1970 e em 1973 ocorreu a inauguração da indústria papeleira (Cepalma), onde a matéria-prima da região é utilizada. Foi inaugurada a primeira etapa da indústria aluminífera do consórcio Alumar em 1984. Esta fábrica de alumínio foi o primeiro projeto do programa Grande Carajás. Teve o início da construção do Centro de Lançamento de Alcântara em 1987.[carece de fontes]
Geografia
Geomorfologia, hidrografia e vegetação
Como a topografia do relevo do Maranhão é plana, são pertencentes ao estado 75% do território inferiores a 200m de altura e somente dez por cento superiores a 300m. As duas unidades geomorfológicas são: a baixada litorânea e o planalto. A baixada litorânea é dominada por um relevo cujos acidentes geográficos são colinas e tabuleiros, que se dividem em arenitos que pertencem à série Barreiras. Em algumas partes que ficam no litoral, incluindo a ilha de Upaon-Açu, que se situa no coração do que os geógrafos chamam de Golfão Maranhense, o alcance desse relevo vai em direção à linha da costa. Nas demais, o mar separa o golfão maranhense através de uma faixa de terrenos que são planícies, tendo sujeição à ocorrência de inundações no período chuvoso. É a planície litorânea propriamente dita, que no fundo do golfão passa a se denominar Campo de Perizes. Na parte oriental do golfão maranhense, são assumidos por esses terrenos o caráter da amplitude dos areais com formações dunares, que por elas é integrada a região litorânea entre a costa dos Lençóis e a baía de Tutóia.[carece de fontes]
É ocupado pelo planalto a totalidade do interior do estado cujo relevo é de um tabuleiro. É apresentado pelo planalto um conjunto feito de chapadões que se dividem em terrenos de sedimentação (arenitos xistosos e folhelhos). Perto do golfão maranhense são alcançadas pelas elevações somente as altitudes entre 150 e 200m; na extremidade sul, entre 300 e 400m; e perto do divisor de águas, entre as bacias hidrográficas do Parnaíba e do Tocantins, são atingidas as cotas altimétricas de 600 m. São delimitados pelos talvegues do planalto os chapadões uns dos outros através da profundidade de entalhes, e por isso são apresentados pelos chapadões as escarpas de difícil subida que contrastam com a regularidade do topo.[carece de fontes]
A quase totalidade das bacias hidrográficas do estado é feita da parte meridional para a parte setentrional por meio da quantidade de rios independentes que deságuam no oceano Atlântico: Gurupi, Turiaçu, Maracaçumé, Pindaré, Grajaú, Mearim, Itapecuru e Parnaíba. Na parte sul-ocidental do estado uma pequena parte das águas escoadas dirige-se para a parte ocidental. São integrados no sudoeste pequenos afluentes que deságuam na margem oriental do rio Tocantins. Veja a lista de rios do Maranhão.[carece de fontes]
A cobertura vegetal do Maranhão é composta basicamente de floresta, campos e cerrados. São ocupadas pelas florestas a totalidade da porção norte-ocidental do estado (Amazônia maranhense), isto é, muitas partes estão situadas na parte ocidental do rio Itapecuru. Nessas matas é muito abundante a palmeira do babaçu (mata dos cocais), produto básico do extrativismo vegetal da região. Os campos são dominantes ao redor do Golfão Maranhense e no litoral ocidental. São revestidas pelos cerrados as regiões leste e sul. No litoral, são assumidas pela vegetação feições variadas: campos de inundação (Baixada Maranhense), mangues e arbustos.[carece de fontes]
Clima
Na classificação climática de Köppen-Geiger, o principal grupo climático do Maranhão é o tropical (tipo A em Köppen), que no estado se subdivide em dois tipos climáticos, sendo eles, respectivamente: tropical de monção (Am), que apresenta um mês mais seco (que quase sempre ocorre no ou logo após o solstício de inverno) com precipitação menor que 60 mm, mas equivalente a mais de 4% da precipitação anual total;[31] No Maranhão, o clima tropical de monção é encontrado na porção noroeste do estado, na divisa com o Pará.[32] e tropical de savana (Am/As), que apresenta uma estação mais seca no inverno (Aw) ou no verão (As), onde o mês mais seco tem precipitação inferior a 60 mm e equivale a menos de 4% da precipitação anual total.[31] Este é o tipo climático predominante no Maranhão, onde no litoral a estação seca é no verão (As) e no restante do estado é no inverno (Aw).[32]
Em algumas classificações, no Maranhão, existem três tipos distintos de clima: o tropical superúmido de monção, o tropical com chuvas de outono e o tropical com chuvas de verão. São apresentados pelos três as semelhanças que existem entre os três regimes térmicos, com elevação das temperaturas médias anuais, que oscilam perto de 26 °C, mas são diferentes quanto ao comportamento das chuvas.[33] Pelo primeiro tipo, que domina no oeste do estado, são apresentados a maior elevação dos totais (mais de 2 000 mm ao ano); é apresentado pelos outros dois chuva entre 1 250 e 1 500 mm ao ano e estação seca com boa marcação, e são diferentes entre si, como é indicado pelo seu próprio nome, pela época em que caem as chuvas. Os verões são quentes, com máximas ultrapassando os 40 °C com frequência, e no inverno, que coincide com a estação seca, as temperaturas podem chegar próximo dos 10 °C em cidades do sul maranhense, configurando assim, uma grande amplitude térmica.[33]
Em outra classificação adotada, o clima no estado pode ser assim definido:[34] Equatorial, que ocorre no extremo oeste, sendo quente e chuvoso, regido pelo deslocamento da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e pela Massa Equatorial Continental (mEc), ambas com marcante atuação no outono e inverno;[34] e Tropical semiúmido, na região central e leste, apresenta um período seco entre quatro a seis meses, entre o inverno e a primavera, em razão de uma influência menos expressiva das massas de ar citadas. O regime pluviométrico é de 1 000 a 1 200 mm ao ano.[34]
Demografia
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O Maranhão possui 217 municípios distribuídos em uma área de 331.983,293 km²,[35] sendo o oitavo maior estado do Brasil, um pouco menor que a Alemanha. Sua população estimada em 2020 é de 7.114.598 habitantes[36], sendo o décimo primeiro estado mais populoso do país, com população superior à da Jordânia. Cerca de 63,08 por cento dos maranhenses vivem em áreas urbanas.[41][38] O Maranhão possui 21,46 habitantes por km² (2019), sendo o décimo sexto na lista de estados brasileiros por densidade demográfica. [36]
O Maranhão tem um Índice de Desenvolvimento Humano igual a 0,687 (2017), comparável ao do Brasil em 1980 e superior apenas ao de Alagoas na lista dos estados brasileiros por IDH. O estado possui a menor expectativa de vida do Brasil, de 70,9 anos (2017).[38] O Maranhão apresenta o segundo maior índice de mortalidade infantil do Brasil, sendo superado apenas pelo Amapá. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, de cada mil nascidos no Maranhão por ano, 20,3 não sobreviverão ao primeiro ano de vida (2017). Vários fatores contribuem para o alto índice de mortalidade infantil no estado: dentre eles, o fato de que menos da metade da população tem acesso à rede de esgoto e o de que quase trinta por cento da população não tem acesso a água tratada.[41][42]
Línguas
O estado tem a fama, entre os maranhenses, de ser o local onde se fala o melhor português do Brasil. No entanto, linguistas como Marcos Bagno e Pasquale Cipro Neto questionam esse título: o primeiro, por argumentar que nenhuma fala ou dialeto pode ser considerado melhor ou pior que outro; o segundo, por argumentar que tal título pertence, na verdade, à cidade do Rio de Janeiro.[43]
Urbanização
De acordo com um estudo realizado pela Fundação João Pinheiro, Maranhão é um dos estados com o maior déficit habitacional relativo do país, com referência em dados obtidos em 2019, contudo, houveram avanços: em 2007, o Maranhão era o estado com maior déficit habitacional relativo do país, o que podia à época ser atribuído ao o “processo histórico de concentração de renda” no estado.[44].
O Maranhão apresenta um déficit de 15,2 por cento (em relação ao total de domicílios particulares permanentes e improvisados), seguindo estudos de 2019, feitos pela Fundação João Pinheiro, sendo que atualmente o maior déficit relativo encontra-se no Amapá (17,8%), seguido por Roraima (15,2%), tendo ficado o Maranhão (15,25%) na terceira posição. [45]
Em termos absolutos, o déficit no estado chega a 329.495 unidades, o sexto maior do país. O déficit maranhense representa 5,6 por cento do déficit absoluto total brasileiro, estimado em 5.876.699. A média maranhense é quase duas vezes maior do que a nacional, de 8,0 por cento[40].
Municípios mais populosos do Maranhão (Estimativa 2021 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)[46] | |||||||||||
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São Luís Imperatriz | |||||||||||
Posição | Localidade | Região intermediária | Pop. | Posição | Localidade | Região intermediária | Pop. | ||||
1 | São Luís | São Luís | 1 115 932 | 11 | Santa Inês | Santa Inês-Bacabal | 89 927 | ||||
2 | Imperatriz | Imperatriz | 259 980 | 12 | Barra do Corda | Imperatriz | 88 895 | ||||
3 | São José de Ribamar | São Luís | 180 345 | 13 | Pinheiro | São Luís | 84 160 | ||||
4 | Timon | Caxias | 171 317 | 14 | Chapadinha | São Luís | 80 705 | ||||
5 | Caxias | Caxias | 166 159 | 15 | Buriticupu | Imperatriz | 73 595 | ||||
6 | Paço do Lumiar | São Luís | 125 265 | 16 | Santa Luzia | Santa Inês-Bacabal | 73 105 | ||||
7 | Codó | Caxias | 123 368 | 17 | Grajaú | Imperatriz | 70 692 | ||||
8 | Açailândia | Imperatriz | 112 445 | 18 | Itapecuru-Mirim | São Luís | 69 233 | ||||
9 | Bacabal | Santa Inês-Bacabal | 113,783 | 19 | Coroatá | Caxias | 65 788 | ||||
10 | Balsas | Imperatriz | 96 951 | 20 | Barreirinhas | São Luís | 63 891 |
Composição étnica
O Maranhão é um dos estados mais miscigenados do Brasil, o que pode ser demonstrado pelo número de 68,8% de pardos autodeclarados ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, resultado da grande concentração de escravos indígenas e africanos nas lavouras de cana-de-açúcar, arroz e algodão; os grupos indígenas remanescentes e predominantes são dos grupos linguísticos macro-jê e macro-tupi.
No tronco macro-Jê, destaca-se a família jê, com povos falantes da língua Timbira (Mehim)ː Kanela (Apanyekra e Ramkokamekra), Krikati, Gavião Pukobyê, Krepumkateyê e Krenyê. No Tronco macro-tupi, a família tupi-guarani, com os povos falantes da língua tenetehara (Guajajara e Tembé), Urubu-Kaapor, além dos Awá-Guajá, concentrados principalmente no bioma da Amazônia, no Alto Mearim e na região de Barra do Corda e Grajaú. Povos como os Akroá-Gamela e Tremembés ainda lutam por reconhecimento étnico e demarcação de terras.[48]
De acordo com John Hemming,[49] havia por volta de 1 milhão de indígenas no Maranhão em 1500. Houve forte tráfico negreiro entre os séculos XVIII e XIX, que trouxe milhares de negros da Costa da Mina e da Guiné, mais precisamente do Benim, antigo Daomé, Gana e Togo, mas também em levas não menos importantes de africanos do Congo, Cabinda e Angola.[50] Muitas tradições maranhenses têm a forte marca das culturas africanas: culinária (Arroz de Cuxá), religião (Tambor de Mina e Terecô), festas (Bumba-Meu-Boi e Tambor de Crioula) e músicas (Reggae no Maranhão). Atualmente, o Maranhão conta muitas comunidades quilombolas em toda região da Baixada, rio Itapecuru e Mearim.
A população branca, 24,9 por cento, é quase exclusivamente composta de descendentes de portugueses, dada a pequena migração de outros europeus para a região. Ainda no início do século XX a maior parte dos imigrantes portugueses era oriunda dos Açores e da região de Trás-os-Montes. Também no século XX, vieram contingentes significativos de sírios e libaneses, refugiados do desmonte do Império Otomano e que hoje têm grande e tradicional presença no estado. A proximidade com a cultura portuguesa e o isolamento do estado até à primeira metade do século XX gerou um sotaque local próprio e ainda bastante similar ao português falado em Portugal, praticando os maranhenses uma conjugação verbal e pronominal próxima da portuguesa. A região do Maranhão é considerada a primeira a receber colonos ilhéus (açorianos) de forma organizada. Em 1619, cerca de 300 casais chegaram ao Maranhão, sendo que o número total de pessoas girava em torno de mil pessoas, número significativo para a época. Além dos casais iniciais, vindos com Estácio da Silveira em 1619, outros se seguiram: em 1621 chegaram 40 casais com Antonio Ferreira de Bettencourt e Jorge de Lemos Bettencourt; em 1625 chegaram outros casais com Francisco Coelho de Carvalho; nos navios N. S. da Palma e São Rafael, tendo como capitão Manoel do Vale, chegaram 50 casais em 1676; e nos navios N. S. da Penha de França e São Francisco Xavier vieram mais colonos.[51]
Subdivisões
O Maranhão é composto por 217 municípios, que estão distribuídos em 22 regiões geográficas imediatas, que por sua vez estão agrupadas em cinco regiões geográficas intermediárias, segundo a divisão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vigente desde 2017.[52][53]
As regiões geográficas intermediárias foram apresentadas em 2017, com a atualização da divisão regional do Brasil, e correspondem a uma revisão das antigas mesorregiões, que estavam em vigor desde a divisão de 1989. As regiões geográficas imediatas, por sua vez, substituíram as microrregiões.[54] Na divisão vigente até 2017, os municípios do estado estavam distribuídos em 21 microrregiões e cinco mesorregiões, segundo o IBGE.[55]
Região geográfica intermediária[52] | Código | Número de municípios | Regiões geográficas imediatas | Código | Número de municípios |
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São Luís | 2101 | 73 | São Luís | 210001 | 13 |
Pinheiro | 210002 | 11 | |||
Chapadinha | 210003 | 10 | |||
Itapecuru Mirim | 210004 | 9 | |||
Viana | 210005 | 10 | |||
Barreirinhas | 210006 | 4 | |||
Tutóia-Araioses | 210007 | 7 | |||
Cururupu | 210008 | 9 | |||
Santa Inês-Bacabal | 2102 | 59 | Santa Inês | 210009 | 15 |
Bacabal | 210010 | 16 | |||
Governador Nunes Freire | 210011 | 14 | |||
Pedreiras | 210012 | 14 | |||
Caxias | 2103 | 14 | Caxias | 210013 | 6 |
Timon | 210014 | 4 | |||
Codó | 210015 | 4 | |||
Presidente Dutra | 2104 | 28 | Presidente Dutra | 210016 | 13 |
São João dos Patos | 210017 | 11 | |||
Colinas | 210018 | 4 | |||
Imperatriz | 2105 | 43 | Imperatriz | 210019 | 17 |
Barra do Corda | 210020 | 9 | |||
Açailândia | 210021 | 5 | |||
Balsas | 210022 | 12 |
Economia
No último quarto do século XVIII, o Maranhão foi uma das poucas regiões brasileiras que prosperou economicamente. Isto se deveu em grande parte pela política adotada por Sebastião José de Carvalho e Melo na luta contra a Ordem dos Jesuítas. Os colonos maranhenses eram adversários tradicionais dos jesuítas na luta pela escravização dos índios. Pombal ajudou-lhes criando uma companhia de comércio altamente capitalizada para auxiliar no desenvolvimento da região. De outra banda, a alteração no mercado mundial de produtos tropicais, provocada pela Guerra de Independência dos Estados Unidos e pela Revolução Industrial também contribuíram sobremaneira para o desenvolvimento econômico do Maranhão. Os dirigentes da companhia perceberam que o algodão e o arroz eram os produtos cuja procura crescia com mais intensidade, de modo que concentraram recursos na produção destes dois produtos. No fim da época colonial, o Maranhão recebeu em seu porto de cem a cento e cinquenta navios por ano, chegando a exportar um milhão de libras.[56]
A economia maranhense foi uma das mais prósperas do país até a metade do século XIX. Mas após o fim da Guerra Civil Americana, quando perdeu espaço na exportação de algodão, o estado entrou em colapso, agravado pelo abandono gerado pelos governos imperial e republicano; somente após o final da década de 1960 no século XX o estado passou a receber incentivos e saiu do isolamento, com ligações férreas e rodoviárias com outras regiões. A inauguração do Porto do Itaqui, em São Luís, um dos mais profundos e movimentados do país, serviu para escoar a produção industrial e de minério de ferro vinda de trem da Serra dos Carajás, atividade explorada pela Vale. A estratégica proximidade com os mercados europeus e norte-americanos fez do Porto uma atraente opção de exportação, mas padece de maior navegação de cabotagem. A economia estadual atualmente se baseia na indústria de transformação de alumínio, alimentícia, celulose, madeireira, extrativismo (babaçu), agricultura (soja, mandioca, arroz, milho), na pecuária, produção de gás natural e nos serviços.[carece de fontes]
São Luís concentra grande parte do produto interno bruto do estado; a capital passa por um processo marcante de crescimento econômico, sediando mais de três universidades (duas públicas e uma privada), além de uma dezena de centros de ensino e faculdades particulares. A expansão imobiliária é visível, mas o custo de vida ainda é bastante elevado e a exclusão social acentuada. Há grande dependência de empregos públicos. Sua pauta de exportação, em 2012, se baseou principalmente em Soja (25,93%), Oxido de Alumínio (23,99%), Minério de Ferro (17,54%), Ferro Fundido 16,47%) e Alumínio Bruto (5,35%).[57]
A agricultura e a pecuária são atividades importantes na economia do Maranhão, além da pesca, que lhe dá a liderança na produção de pescado artesanal do país. Afinal, o estado possui 640 km de litoral, o segundo maior do Brasil, que fornece produtos bastante utilizados na culinária regional, como o camarão, caranguejo e sururu. O Maranhão aumentou a produção de grãos, em 2000, e teve significativo crescimento industrial, de acordo com a Sudene. Apesar disso, o estado está entre os mais pobres do país.[carece de fontes]
Agricultura
Conforme dados da CONAB, o Maranhão é o segundo maior produtor agrícola do Nordeste.[58] O setor agrícola maranhense se destaca na produção de arroz (5º estado de maior produtividade de arroz do país e o 1º do Nordeste.),[59] cana-de-açúcar (2,5 milhões de toneladas em 2018),[60] mandioca (3º maior produtor do Nordeste e 12º maior produtor do Brasil em 2019, com 464 mil toneladas),[59][61] milho (3º maior produtor do Nordeste, cerca de 1,3 milhão de toneladas em 2018),[62] soja (2º maior produtor da região Nordeste, cerca de 3 milhões de toneladas em 2019),[59][63] algodão (2º maior produtor do Nordeste) e eucalipto.[59]
O sul do estado é um dos maiores polos de produção de grãos do país. A região a cada ano alcança novos recordes de produtividade. O principal produto agrícola é a soja, que chegou a 2 milhões de toneladas na última safra, em 2015.[59] Tal produção coloca o Maranhão como o segundo maior produtor da região, atrás da Bahia. A região sul do Estado concentra a produção de soja, com destaque ao município de Balsas que em 2015 produziu 501 668 toneladas, com 181 764 de área plantada e 181 764 de área colhida, rendimento médio 2 760 kg/ha. Outros municípios que se destacam na produção de soja são: Tasso Fragoso, Sambaíba, Riachão, Alto Paraíba e Carolina.[59] Com a construção do Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram) no Porto de Itaqui, ampliou-se a capacidade de armazenamento e exportação de grãos como soja, milho e arroz, utilizando-se da infraestrutura da Ferrovia Carajás e da Ferrovia Norte Sul para escoamento da produção do sul do estado, bem como dos estados de Tocantins, Goiás e Mato Grosso.[64]
Indústria
O Maranhão tinha em 2018 um PIB industrial de R$ 16,1 bilhões, equivalente a 1,2% da indústria nacional e empregando 74.593 trabalhadores na indústria. Os principais setores industriais são: Serviços Industriais de Utilidade Pública, como Energia Elétrica e Água (29,5%), Construção (24,2%), Metalurgia (20,4%), Celulose e papel (10,7%) e Alimentos (3,7%). Estes 5 setores concentram 88,5% da indústria do estado. [65]
Turismo
O Maranhão, por ser localizado em um bioma de transição entre o sertão nordestino e a Amazônia, apresenta ao visitante uma mescla de ecossistemas somente comparada, no Brasil, com a do Pantanal Mato-Grossense. Possui mais de 640 km de litoral, sendo, portanto, o estado com o segundo maior litoral brasileiro, superado apenas pela Bahia. O turismo praticado nele pode ser classificado em dois tipos: turismo ecológico e turismo cultural/religioso.[carece de fontes]
O Maranhão tem o privilégio de possuir, devido a exuberante mistura de aspectos da geografia, a maior diversidade de ecossistemas de todo o País. São 640 quilômetros de extensão de praias tropicais, floresta amazônica, cerrados, mangues, delta em mar aberto e o único deserto do mundo com milhares de lagoas de águas cristalinas. Essa diversidade está organizada em cinco polos turísticos, cada um com seus atrativos naturais, culturais e arquitetônicos. São eles: o polo turístico de São Luís, o centro histórico de Alcântara, o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, o Parque Nacional da Chapada das Mesas, o Delta do Parnaíba (o terceiro maior delta oceânico do mundo) e o polo da Floresta dos Guarás.[carece de fontes]
O Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, situado no litoral oriental do Maranhão, envolve os municípios de Humberto de Campos, Primeira Cruz, Santo Amaro e Barreirinhas. Seu maior atrativo é o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, belo e intrigante fenômeno da natureza, um paraíso ecológico com 155 mil hectares de dunas, rios, lagoas e manguezais. O Parque Nacional da Chapada das Mesas é uma área de 160 046 hectares de cerrado localizado no Sudoeste Maranhense. Possui cachoeiras, trilhas ecológicas em cavernas e desfiladeiros, rappel, sítios arqueológicos com inscrições rupestres e rios de águas cristalinas. As principais cidades do polo são Estreito, Carolina e Riachão.[carece de fontes]
Infraestrutura
A população de grande parte do estado ainda sofre com problemas de saneamento básico, desnutrição infantil e renda per capita. O Maranhão apresenta altos índices de desnutrição entre as crianças de zero a cinco anos, de acordo com levantamento do Fundo da Nações Unidas para a Infância feito em 1999.[carece de fontes]
Energia
O estado conta com um eficiente sistema de abastecimento de energia, através da Subestação da Eletronorte instalada no Distrito Industrial do Município de Imperatriz, além de estar bastante próxima das hidroelétricas de Estreito (1 087 megawatts) e de Serra Quebrada (em projeto). O estado do Maranhão buscou diversificar sua matriz energética e também conta com usinas própriasː[66] 4 usinas com capacidade total de 1 428 MW, utilizando gás natural (Complexo Termelétrico Paraíba); 2 usinas com capacidade de 330 MW, utilizando óleo combustível (a Usina Termelétrica Gera Maranhão, em Miranda do Norte); 1 usina com capacidade de 360 MW, utilizando carvão mineral (Usina Termelétrica Porto do Itaqui); 1 usina com capacidade de 254 MW, utilizando biomassa (Usina Termelétrica Suzano Maranhão, pertencente à Suzano Papel e Celulose); uma usina hidráulica com capacidade de 1 087 MW (Usina Hidrelétrica de Estreito); e o Complexo Eólico Delta 3 com capacidade de 221 MW. Atualmente, o estado produz mais energia do que consome.[66]
Atualmente, a exploração de gás na Bacia do Parnaíba tem capacidade de produzir até 8,4 milhões de m³ de gás por dia, explorados pela empresa Eneva, utilizados na produção de energia termelétrica, com a implantação de 153 km de gasodutos, ao custo do investimento de R$ 9 bilhões.[67] A concessionária de energia elétrica que cobre o Maranhão é a Companhia Energética do Maranhão[68] e os serviços de distribuição e comercialização de gás canalizado no Maranhão é feito pela Companhia Maranhense de Gás.[69]
Educação
Ano | Português | Redação |
---|---|---|
2006[70] Média | 31,35 (24º) 36,90 | 48,93 (22º) 52,08 |
2007[71] Média | 45,15 (21º) 51,52 | 54,84 (16º) 55,99 |
2008[72] Média | 35,62 (21º) 41,69 | 57,99 (17º) 59,35 |
De acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em 2009, o Maranhão possui o maior número de crianças entre oito e nove anos de idade analfabetas no país. Quase quarenta por cento das crianças do estado nessa faixa etária não sabem ler e escrever, enquanto que a média nacional é de 11,5 por cento. Os dados do instituto, porém, não oferecem um diagnóstico completo da situação, pois se baseiam somente na informação de pais sobre se seus filhos sabem ler e escrever um bilhete simples.[73][74] Em 2006, os alunos do Maranhão obtiveram a quarta pior nota na prova do Exame Nacional do Ensino Médio de língua portuguesa. Em 2007, obtiveram a sétima pior, que foi mantida na avaliação de 2008. Na redação, os alunos se saíram um pouco melhor, apresentando a sexta pior nota em 2006 e subindo seis posições em 2007.
Em 2013 o Maranhão obteve a segunda pior nota entre os estados brasileiros no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA, na sigla em inglês) em suas provas de matemática, leitura e ciências, ficando à frente apenas do estado de Alagoas.[75] As principais universidades públicas do estado são: Universidade Federal do Maranhão (UFMA); Universidade Estadual do Maranhão (UEMA); Instituto Federal do Maranhão (IFMA) e Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UEMASUL). O Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IEMA) comanda a educação profissional técnica de nível médio no estado.[76]
Transportes
- Aeroportos
- Aeroporto Internacional Marechal Cunha Machado (São Luís)
- Base Aérea de Alcântara – Centro de Lançamento de Alcântara (Alcântara)
- Aeroporto Prefeito Renato Moreira (Imperatriz)
- Aeroporto Regional João Silva (Santa Inês)
- Aeroporto Regional de Balsas (Balsas)
- Aeroporto de Carolina – Brigadeiro Lysias Augusto Rodrigues
- Aeroporto Regional de Bacabal (Bacabal)
- Portos
- Terminais rodoviários
- Terminal Rodoviário Bacabal
- Terminal Rodoviário de São Luís
- Terminal Rodoviário de Imperatriz
- Terminal Rodoviário de Caxias
- Rodovias
- Ferrovias
- Estrada de Ferro Carajás (EFC)
- Ferrovia Norte-Sul (EF-151)
- Ferrovia São Luís-Teresina
- Superintendência Reg. Recife (SR 1)
Cultura
Culinária
A cozinha maranhense sofreu influência francesa,[carece de fontes] portuguesa, africana e indígena. O tempero é diferenciado fazendo uso de ingredientes como cheiro-verde (coentro e cebolinha verde), cominho em pó e pimenta-do-reino. No Maranhão, é marcante a presença de peixes e frutos do mar como camarão, sururu, caranguejo, siri, pescada, robalo, tainha, curimbatá, mero, surubim e outros peixes de água doce e salgada. Além de consumir outros pratos como sarrabulho, dobradinha, mocotó, carne-de-sol, galinha ao molho pardo, todos acompanhados de farinha d’água. Da farta cozinha maranhense, destaca-se o arroz de cuxá, símbolo da culinária do Maranhão, feito com uma mistura de gergelim, farinha seca, camarão seco, pimenta-de-cheiro e o ingrediente especial – a vinagreira (hortaliça de origem africana muito comum no Maranhão).
Dentre os bolos consumidos pelos maranhenses, podem ser destacados o bolo de macaxeira e o de tapioca. As sobremesas típicas da mesa maranhense são os doces portugueses e uma infinidade de doces, pudins e sorvetes feitos de frutas nativas como bacuri, buriti, murici, jenipapo, tamarindo, caju, cupuaçu, jaca etc.[77][78] A juçara (ou açaí) é muito apreciada pelos maranhenses, consumida com farinha, camarão, peixe, carne-de-sol ou mesmo na forma de suco, sorvete e pudim. Dada a importância da juçara na cultura maranhense, é realizada anualmente a Festa da Juçara. A panelada, um cozido preparado a partir das vísceras da vaca, é popular em Imperatriz, segunda maior cidade no interior do estado, é oferecida em diversos pontos da cidade.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.